O museu
Inimá de Paula, localizado na Rua da Bahia, número 1201, no centro de Belo Horizonte, abriga permanentemente o acervo do pintor mineiro Inimá de Paula, uma importante figura no cenário artístico nacional, principalmente na década de 70. O museu abriga temporariamente o acervo
Itaú Cultural denominado
Arte Cibernética.
A exposição Arte Cibernética apresenta oito das catorze obras que compõem o acervo de arte e tecnologia
Itaú Cultural. Acredito que a fusão entre estes dois elementos resultou em um alto grau de interatividade, o que contribuiu para que a experiência no Inimá fosse bastante diferente da que tive no
Museu das Telecomunicações, no
Espaço Oi Futuro.Em alguns momentos, na exposição Arte Cibernética, notei uma certa semelhança com o Oi Futuro, pois a ambientação, com baixa luminosidade, e a disposição das obras de forma que o visitante não necessite seguir uma ordem pré-determinada durante a visita provocaram uma sensação de incômodo e cautela em avançar para ver as obras. Mesmo que exista essa semelhança, o primeiro se resume em grandiosas possibilidades de interação e o segundo não.
Sobre as oito obras disponíveis na Arte Cibernética, divido-as em dois grupos. O primeiro é composto por aquelas que não atenderam às minhas expectativas em relação à interatividade. São elas:
DESCENDO A ESCADA, de Regina Silveira, que propunha que ao descer e subir uma escada virtual o visitante sentiria vertigem. Não tive muito essa sensação e penso que se fosse possível, ao invés de ouvir passos, o barulho fosse feito por nós, daria maior sensação de realidade.
REFLEXÃO #3, de Raquel Kogan, acredito que o grau de interação que propunha o aumento ou a diminuição da velocidade dos números, que ora eram espelhados e ora certos- e o contrário no espelho d'água- foi limitado. Porém, achei interessante a lógica da interatividade não estar tão explícita. Assim, o visitante, depois de observar por um tempo, compreende a proposta.
PIX FLOW#2, que apresentava partículas que se movimentam de acordo com a variação de sua densidade. Acredito que os displays colocados incitam os visitantes a tentar mover as partículas com o toque, o que não ocorre.
MEMÓRIA CRISTALEIRA
, de Eder Santos, que confundia o visitante ao sobrepor uma projeção aos objetos na cristaleira. Penso que esse, juntamente com com o Pix Flow, foram os que proporcionaram maior observação, mas não ação do visitante.
O segundo grupo é composto pelas obras mais interativas, instigantes, com as quais fiquei por muito tempo interagindo e tentando descobrir como foram montadas. São elas:
OP_ERA: SONIC DIMENSION, de Daniela Kutschat e Rejane Cantoni, que é um cubo aberto, com cordas instrumentais projetadas que, de acordo com o movimento do visitante próximo às "paredes do cubo", vibram, produzindo várias combinações de som, simulando uma harpa. O mecanismo dessa obra baseia-se em sensores espaçados colocados no chão. É um convite para que o visitante experimente movimentos rápidos e lentos e interaja juntamente com várias pessoas.
LIFE WRITER
, de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau, que interliga o antigo- a máquina de escrever- ao moderno- o computador. Consiste em digitar uma palavra na máquina e dela fazer surgir um inseto, que comerá as letras das palavras digitadas posteriormente correspondentes à inicial da palavra que lhe deu origem. A medida que o bichinho projetado caminha pela folha e come mais letras, ele cresce e, ao cruzar com outros insetos, ele se multiplica, gerando novos insetos com características diferentes dos demais. Cada inseto tem suas peculiaridades em relação ao tamanho e à velocidade e é produto de um estudo de biologia realizado por uma das criadoras. Também é uma obra que permite interação em grupo, com infinitas possibilidades.
TEXT RAIN, de Camille Utterback e Romy Achituv, que relaciona a projeção da imagem das pessoas com a "chuva" de letras, que respondem aos movimentos corporais. Se acumularmos letras ao longo do corpo, formam-se versos do poema Te, Converso, de Evan Zimroth. O trecho "Eu gosto de falar com você/ Simplesmente: conversar/ Um giro- com ou- em torno/ como sua meia-volta volver/ Para de repente me ver...", faz-nos refletir sobre a comunicação, que surge de acordo com a intencionalidade humana, na junção de cada letra e de cada palavra. A brincadeira proposta pela obra é uma metaforiza o processo de comunicação.
LES PISSENLITS, de Edmond Couchot e Michel Bret, que "digitaliza" a experiência de soprar uma flor dente-de-leão, através de um microfone. A intensidade do sopro determina a quantidade de pétalas e a velocidade com que elas saem. A obra nos faz refletir sobre a capacidade do homem de tornar virtuais experiências reais. Até qual ponto o universo digital pode substituir o que é real? A obra abre essa discussão que, a meu ver, se aplica também nas relações humanas. A comunicação via internet aproxima ou distancia as pessoas?
Visitei o museu com a Cibele, a Mariane e a Marina. Foi ótimo, porque em grupo pudemos interagir de forma ainda mais intensa, ampliando as possibilidades de cada obra.
Adorei a visita e recomendo!
Programação: quinta 16 abril a sábado 13 junho 2009
terça, quarta e sexta 10h às 19h
quinta 12h às 21h
sábado 10h às 18h
Ingresso: R$ 5 (inteira)
R$ 2,50 (meia) - estudantes identificados
Menores de 10 anos e maiores de 60 não pagam.
Visite também site
http://www.inima.org.br